Eles estão em toda parte da cidade, andando pelas ruas, de casa em casa, na porta de agências bancárias, de lanchonetes, de supermercados e em outros estabelecimentos comerciais. São homens, mulheres e até mesmo crianças, que passam o dia pedindo ajuda aos populares. Às vezes usam argumentos que parecem ter fundamentos e acaba sensibilizando o doador. Em outras ocasiões são bastante perspicazes para conseguir seus objetivos, até mesmo imagens religiosas são usadas na tentativa de obter recursos.
A quantidade de pessoas pedindo esmolas nas ruas da cidade tem preocupado os moradores. Afinal de contas, aquela pessoa que pede ajuda é confiável? Ela realmente precisa de ajuda? Dúvidas como essas dividem opiniões em Ibiá.
Durante uma das Feiras Livres de Ibiá, nossa equipe conversou com uma jovem moça, de sotaque sulista, aparentando ter uns 17 anos. Ela, que segurava um bebê no colo, contou que chegou à cidade no início de dezembro do ano passado, depois de ser abandonada pelo marido. A moça ainda disse que estava passando muitas dificuldades e necessitava de dinheiro pra comprar alimentos e remédios. Nosso colaborador se propôs em ajudá-la indo ao supermercado e comprar alguns alimentos, mas ela se recusou e disse que precisava do dinheiro.
Atitudes como essa se repete constantemente e muita gente acabam desconfiando da situação e se recusa a ajudar.
Seu Sebastião, morador da zona rural, nos disse vêm à Ibiá duas vezes por mês pra fazer compras, e sempre quando vêm, é abordado por pessoas pedindo dinheiro.
“Eu sempre ajudo, dou umas moedinhas e às vezes dou comida também, mas sempre fica aquela dúvida: será que está precisando mesmo? Às vezes penso que é pra comprar cigarro ou pinga, mas eu acabo ajudando”, comentou.
Outro caso nos foi relatado por uma balconista de uma loja localizada no Centro da cidade. De acordo com a funcionária, certo dia apareceu um rapaz na loja, segurando uma bandeira religiosa, pedindo esmola. Ela contou que se recusou a ajudar, pois o rapaz apresentava sinais de embriaguez.
“Nós não demos esmolas porque achamos que era pra comprar bebida alcoólica”, comentou.
Por mensagens de texto, conversamos com Jéssica, que nos contou que já foi abordada várias vezes por pessoas pedindo dinheiro e sempre se recusou em ajudar. Ela conta que morou em Patos de Minas e lá a Prefeitura criou um programa que orientava as pessoas a não dar esmolas nas ruas e sim encaminhá-las ao CREAS (Centro de Referência de Assistência Social), a fim de receberem auxílio.
A orientação é para que as pessoas não dê dinheiro a ninguém nas ruas. O correto seria ajudar diretamente nas instituições filantrópicas confiáveis da cidade, para que elas direcionem as doação a quem realmente necessita.
A esmola acaba contribuindo para manter os pedintes nas ruas, pois eles se acostumam a viver com o pouco que ganham e fica cada vez mais longe de ter uma vida digna, além de ficarem expostos a todos os tipos de violência e até à dependência química. Na realidade essas pessoas precisam reconstruir o seu projeto de vida.
Entramos em contato com a prefeitura de Ibiá pra saber se existe algum programa social voltado pra esse tema, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos retorno.
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