"Macaco Azul": Crueldade disfarçada de brincadeira revolta moradores do Triângulo Mineiro
- ibiaemfoco
- 26 de jun.
- 2 min de leitura
Homem pinta animal silvestre com tinta spray e o abandona vulnerável; especialistas alertam para risco de morte e impacto ambiental. Veja o vídeo no final da reportagem.

Santa Juliana (MG) – Um vídeo chocante, compartilhado nas redes sociais, revelou a crueldade de Ivair Heraldo da Cunha, 50 anos, morador da zona rural de Santa Juliana, no Triângulo Mineiro. Nas imagens, o homem aparece pintando um macaco-prego com tinta spray azul, enquanto ri e comenta: "Você já viu macaco azul alguma vez na vida?". O animal, preso em uma gaiola, ficou totalmente coberto pela tinta tóxica antes de ser solto, já intoxicado e à mercê de predadores.
O vídeo chegou à Polícia Civil na última segunda-feira (23), por denúncia anônima. Segundo as investigações Ivair armou uma armadilha no telhado de sua casa para capturar o primata. Em depoimento, ele alegou que pintou o macaco para "espantá-lo" e evitar que destruísse objetos. No entanto, sua justificativa não convenceu as autoridades. Detido por maus-tratos, o homem foi liberado após prestar depoimento, já que o crime é considerado de menor potencial ofensivo – a pena pode variar de 3 meses a 1 ano de prisão.
"Se não morreu, está vulnerável": O Risco invisível
O médico veterinário Márcio Bandarra, ao analisar o caso, foi enfático:
“Essas tintas de spray têm muito solvente, resinas ou até algum metal pesado. Esses materiais, quando em contato com o sistema respiratório ou com a pele do animal, que é outra via de penetração, podem causar obstrução das vias respiratórias, sonolência, intoxicação por algum metal e dificuldade para respirar. Esse animal, se não vier a óbito, está vulnerável, aumentando muito a chance de ser predado”, explicou.
O macaco, solto em uma mata próxima, não foi mais localizado, e equipes da Polícia Militar de Meio Ambiente seguem em busca dele.
Bandarra ainda destacou o aumento de conflitos entre humanos e animais silvestres devido à invasão de habitats naturais.
“A atitude dessa pessoa não é nem um pouco recomendada e nem um pouco esperada. Normalmente, a gente vê os macacos se aproximando das áreas rurais e até das urbanas, nos condomínios. Eles começam a ir em busca de alimentos, as pessoas interagem e esquecem que o animal é selvagem, é silvestre, e, daqui a pouco, começa a causar danos. No início, a pessoa acha bonitinho, mas depois fica brava. Porque o animal entra, pega fruta, pode atacar, pode, inclusive, levar doenças”, concluiu Márcio.
Punição branda e alerta ambiental
O crime de maus-tratos contra animais silvestres está previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998), mas a pena máxima – de até dois anos – raramente resulta em prisão efetiva. Enquanto isso, o 'macaco azul' tornou-se um símbolo triste da falta de consciência e da impunidade.
E agora?
A polícia pede que qualquer pessoa que aviste o animal entre em contato imediatamente. "Ele precisa de socorro urgente", reforça Bandarra. Enquanto o primata não é encontrado, a pergunta que fica é: quantos outros "macacos azuis" invisíveis sofrem em silêncio?
— Com informações da Polícia Civil de Minas Gerais e relatos de especialistas.
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