Prefeitura de Ibiá promove palestra com a escritora ibiaense Ana Maria Gonçalves
Evento faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher.
Imagem: Apex-Brasil
A Prefeitura de Ibiá, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, promove nesta quarta-feira (08), no Anfiteatro da Câmara de Vereadores, uma palestra com a premiada escritora ibiaense, Ana Maria Gonçalves, autora do best seller “Um Defeito de Cor”. O evento terá início a partir das 19 horas e faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher.
A obra da escritora foi considerada pelo escritor e desenhista Millôr Fernandes, falecido em 2012, como a mais importante da literatura brasileira do século XXI.
Além da palestra, composta por debate e apresentação de trechos do livro, o público vai presenciar uma noite com muitas atrações especiais.
O livro
Em 2006, a autora torna-se conhecida em todo o país com o lançamento de Um defeito de cor, narrativa monumental de 952 páginas. O romance encena em primeira pessoa a trajetória de Kehinde, nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é escravizada, aos oito anos, até seu retorno à África, décadas mais tarde, como mulher livre, porém sem o filho, vendido pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo.
O texto dialoga com o modelo pós-moderno da metaficção historiográfica e remete às biografias de Luiza Mahin – celebrada heroína do Levante dos Malês, ocorrido em Salvador em 1835 – e do poeta Luiz Gama – líder abolicionista e um dos precursores da literatura negra no Brasil, também vendido como escravo pelo próprio pai. Um defeito de cor conquistou o importante Prêmio Casa de Las Américas de 2006 como melhor romance do ano.
“Foi uma grande descoberta para mim que estava procurando essa história, a minha história e a história dos meus antepassados que foram escravizados, vieram para o Brasil e são pessoas que possuem uma trajetória similar em toda a diáspora negra pelo Atlântico. Eu pesquisei muito em jornais e revistas de época, testamentos, ações políticas e policiais e optei por dar voz para uma mulher negra escravizada exatamente porque eu acho que talvez tenha sido a voz que menos teve influência na formação da história escravocrata no Brasil”, afirmou Ana Maria Gonçalves.
Sobre Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves nasceu em 1970 em Ibiá, Minas Gerais. Publicitária por formação, residiu em São Paulo por treze anos até se cansar do ritmo intenso da cidade e da profissão. Em viagem à Bahia, encantou-se com a Ilha de Itaparica, onde fixou moradia por cinco anos e descobriu sua veia de ficcionista, passando a se dedicar integralmente à literatura e ao multifacetado universo cultural da diáspora africana nas Américas.
Após residir alguns anos em New Orleans, nos Estados Unidos, Ana Maria Gonçalves retornou ao Brasil em 2014, fixando-se novamente em Salvador. Mesmo fora do país, esteve sempre presente e atuante nos debates públicos envolvendo a questão étnica no Brasil. Por ocasião da denúncia de racismo no livro As caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, produziu diversos artigos sobre o tema e manteve acesa a polêmica, que envolveu diversos intelectuais, entre eles o cartunista Ziraldo.
Mais tarde, quando das reações a um comercial de televisão da Caixa Econômica Federal, em que a representação de Machado de Assis era feita por um ator branco, novamente a escritora veio a público e se uniu aos protestos que redundaram num pedido de desculpas da CEF e na produção de outra peça, agora com um ator negro.
Dotada de aguçada visão crítica quanto às relações sociais vigentes e solidária com os estratos subalternizados da população, Ana Maria Gonçalves vem participando de inúmeros debates no Brasil e no exterior. Além disso, faz da Internet e das redes sociais um importante meio para trazer a público seus questionamentos em textos marcados por poderosa argumentação. Seu projeto literário não abdica, pois, de a todo instante provocar a reflexão do leitor quanto às condições históricas que levam à permanência da desigualdade, do racismo e de demais formas de discriminação. Entre outros projetos, finaliza no momento romance voltado para o público juvenil, mas com a mesma perspectiva crítica de nossas mazelas sociais que vem se tornando a marca registrada de seus escritos.
Publicações
Ao lado e à margem do que sentes por mim. Salvador: Borboletras, 2002. (romance).
Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2006. (romance).
Com informações de GZH Livros e Apex-Brasil.
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