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Samu 192 em Minas Gerais ameaça entrar em greve por falta de repasses e baixos salários

Consórcios de saúde alertam para rombo de R$ 56,8 milhões em 2025, enquanto socorristas pressionam por melhores condições de trabalho.

 

Imagem: Breno Esaki
Imagem: Breno Esaki

Belo Horizonte/MG — O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) em Minas Gerais pode paralisar suas atividades nos próximos dias caso o Ministério da Saúde (MS) e o governo estadual não negociem a regularização dos repasses financeiros. Os dez consórcios responsáveis pelo atendimento em 800 municípios mineiros — cobrindo 93,7% do território — deram prazo até terça-feira (8) para que as tratativas comecem. Caso contrário, uma greve pode ser deflagrada, afetando um dos principais serviços de emergência do estado.  A informação foi divulgado pelo jornal “O Tempo”.

 

De acordo com um ofício enviado ao governo federal, ao qual O TEMPO teve acesso, os consórcios do SUS projetam um déficit de R$ 56,8 milhões no custeio do Samu em 2025, o que, segundo o documento, "cruzou o limiar do aceitável e coloca em risco a eficiência do serviço". Além disso, cerca de 2 mil condutores socorristas estão mobilizados por melhores salários e pelo reconhecimento da categoria como profissionais de saúde. 


Repasses federais abaixo do combinado 


O financiamento do Samu é tripartite: União (50%), estado (25%) e municípios (25%). No entanto, os consórcios denunciam que o Ministério da Saúde tem repassado apenas entre 8% e 40% do valor devido. Enquanto o consórcio da região Macro Nordeste e Jequitinhonha (CISNORJE) recebeu cerca de R$ 1,5 milhão por mês em 2024 (40,21% do esperado), o Leste de Minas (CONSURGE) obteve apenas 8,3% (R$ 371,2 mil) no mesmo período. 


Núbia Dias, diretora do Sindsaúde-MG, alerta que a situação está inviabilizando o serviço: 

"O SUS perde porque os concursos do Samu não interessam mais. O salário não condiz com a complexidade do trabalho. Temos equipes sobrecarregadas e bases financeiramente desequilibradas. O Estado corre o risco de perder um serviço que é referência no país." 


Ministério da Saúde nega "piso constitucional" 


Questionado durante visita a Minas no último mês, o ministro Alexandre Padilha afirmou que não há um valor mínimo obrigatório para o Samu e prometeu apurar as denúncias: 

"O último reajuste foi em 2012 e 2013. Depois, ficaram dez anos sem aumento. Com o governo Lula, houve um reajuste de mais de 30%. Vamos acompanhar, mas não vamos dialogar com mentiras." 


Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) afirmou que cumpre sua parte, repassando mais de 50% dos custos, acima do mínimo exigido. 

Condutores socorristas lutam por reconhecimento 


Além da crise financeira, os condutores socorristas — que ganham em média R$ 1.700 a R$ 1.860 — exigem ser incluídos no quadro de profissionais de saúde. Eles pressionam pela votação do PL 3.104/2020, que equipara seus direitos aos de outros trabalhadores da área. 


Se a greve for confirmada, o Sindsaúde-MG garante que seguirá as regras para serviços essenciais, mantendo um contingente mínimo de atendimento. A situação, porém, acende o alerta para um possível colapso no socorro móvel de urgência em Minas Gerais. 

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