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Polícia Civil conclui que homem espancado até a morte em Juiz de Fora era inocente

Segundo a polícia, Elvis Cleiton da Silva Batista era inocente de acusação de estupro; 13 pessoas foram identificadas e 10 indiciadas por homicídio qualificado e tortura.


Elvis foi espancado até a morte acusado de um delito que não cometeu. Imagem: Redes Sociais/Divulgação.
Elvis foi espancado até a morte acusado de um delito que não cometeu. Imagem: Redes Sociais/Divulgação.

A morte brutal de Elvis Cleiton da Silva Batista, 39 anos, catador de recicláveis, no Bairro Santa Cecília, em Juiz de Fora, no dia 10 de janeiro, chocou a cidade e trouxe à tona os perigos da justiça com as próprias mãos. Acusado injustamente de estuprar uma menina de 9 anos, Elvis foi espancado e morto por um grupo de parentes e vizinhos da vítima que, além de socos e pontapés, utilizaram barra de ferro para ferir a vítima. A Polícia Civil, no entanto, concluiu que ele era inocente. Os detalhes da investigação foram divulgados em coletiva de imprensa na última segunda-feira (3).


De acordo com a delegada Alessandra Azalim, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, o suposto crime de estupro foi descartado após exames e depoimentos. A menina, que está sob cuidados de familiares, relatou que um arranhão em seu braço foi causado por um cachorro, e não por Elvis. A mãe da criança também admitiu que não havia certeza sobre a acusação de estupro.


A delegada Camila Miller, responsável pela Delegacia Especializada de Homicídios, destacou que muitos dos agressores nem sabiam ao certo o que Elvis teria supostamente feito. "Ele foi espancado por diversas pessoas e acabou falecendo sem motivo", afirmou.


Elvis chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O atestado de óbito apontou tórax instável e politrauma como causa da morte.


Justiça com as próprias mãos: um alerta


A delegada Camila Miller fez um alerta sobre os riscos da justiça com as próprias mãos, prática que tem se tornado recorrente na região.


"Ao invés de procurar a polícia, as pessoas acionam um suposto justiceiro do bairro. Isso é extremamente perigoso e pode levar a tragédias como essa", disse.

Treze pessoas foram identificadas como participantes do linchamento, sendo dez indiciadas por tortura e homicídio qualificado. Entre os presos estão a mãe da menina, seu noivo e sogro. Três adolescentes também responderão por ato infracional análogo ao homicídio, enquanto quatro adultos seguem foragidos.


Família clama por justiça


A família de Elvis, que sempre defendeu sua inocência, lamenta a brutalidade do crime. Maria Cecília da Silva, mãe de Elvis, descreveu a cena como "monstruosa".


"Ele estava ajoelhado, com as mãos para cima, dizendo 'não fui eu, senhora, não fui eu'", relatou.

Eduardo Sávio, irmão da vítima, destacou que Elvis era uma pessoa tranquila e brincalhona.


"Isso foi uma brutalidade, uma tortura, um crime hediondo que não pode passar impune", afirmou. Aparecida Maria da Silva, prima de Elvis, lembrou que ele estava indo para um pagode no momento do ataque. "Ele estava com um pandeiro na mão, era o que gostava de fazer. Adorava música, dar gargalhadas e se reunir com os amigos", disse.

O caso de Elvis Cleiton da Silva Batista serve como um triste exemplo dos perigos da justiça com as próprias mãos e da disseminação de informações falsas. Enquanto a família aguarda por justiça, a polícia reforça a importância de confiar nas instituições e evitar ações que possam resultar em tragédias irreparáveis.


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