top of page
Buscar

Rio Quebra Anzol, o paraíso do Dourado

Atualizado: 13 de nov. de 2020

Conheça este paraíso dourado no coração do Cerrado e toda a sua riqueza natural




Por: Lester Scalon


Dourados fazem parte de minha vida desde a infância; cresci vendo meu pai e meus tios capturando grandes exemplares. Com uns 13 anos, já me tornara um fanático pescador do “rei do rio” e, atrás das fantásticas emoções que sua pesca me proporciona, percorri rios do Brasil inteiro e de outros países. Foi com um dourado a mais emocionante captura de um peixe que realizei em minha vida. Minha relação com os dourados é de sangue, de alma, uma busca incessante de grandes emoções.


Foram dois dias de uma aventura inesquecível, quando entramos neste pequeno paraíso encravado no Cerrado e no coração do Brasil. Percorremos 80 km dos 153 km que ainda restam de vida no Rio Quebra-Anzol, partindo da cidade mineira de Ibiá até a ponte da rodovia Araxá/Patos de Minas. Deste trecho de 80 km eu só conhecia os últimos 10 km, nos quais realizei grandes pescarias.


Quando o sol começou a iluminar a paisagem, nossos barcos já estavam na água, às 7 h começou a primeira etapa da nossa aventura; seriam 45 km até o ponto de apoio, a draga do amigo “Danga”. Nossa equipe era composta por dois barcos, um com os amigos Neudon, Jacaré e Julio, e, no outro, meu irmão Laurence e eu, equipados com motores de 15 hp e motor elétrico. Os de 15 hp somente seriam utilizados nos trechos mais calmos, para acelerar a viagem, e nos travessões mais promissores desceríamos do barco para pescar andando e explorando mais estes locais. Nosso objetivo estava todo voltado à busca do “rei do rio”.



Logo no início da descida, um casal de mutuns e um bando de macacos-pregos vieram nos recepcionar e dar as boas vindas. Nesta época do ano o Cerrado está renovando as folhas das árvores, numa profusão de cores iluminadas pelo sol da manhã. E não demorou muito para o “rei do rio” nos dar boas vindas. Numa cabeça da pedra no alto do travessão, o belo dourado não resistiu à isca do Laurence e deu seu show à parte. Para começar, a pescaria já era um belo sinal.


Nesta época do ano, o volume de água do Quebra-Anzol é pequeno, estávamos no mês de setembro, período mais forte da seca. Até então somente uma pequena chuva havia caído. Os dourados, talvez receosos por causa da pouca água, ainda não estavam concentrados neste trecho de rio. Mas, um pouco antes do ponto de apoio, o Quebra- Anzol ganha as águas do Rio São João, que estavam mais limpas e fazem aumentar em cerca de 30% o seu volume. Com um pouco mais de água, eram bem maiores as chances de captura, só que terminamos esta primeira parte da aventura com poucas ações e apenas dois dourados capturados. Porém, o banho de natureza na alma e uma picanha assada com cerveja na casa de nosso anfitrião, o amigo “Danga”, já fizeram valer a pena.


Segunda etapa

A segunda etapa da nossa aventura seria toda no trecho do rio um pouco mais largo e com um volume de água maior. Se nessa parte tivessem mais travessões e mais estruturas que na primeira etapa, com certeza faríamos uma bela pescaria. A cada curva éramos surpreendidos pelas belezas do Quebra-Anzol, por suas belas estruturas e pelos dourados que foram aparecendo.



Descer do barco e explorar os travessões é uma das pescarias mais gostosas de fazer, já que assim pescamos integrados com a natureza e dá para explorar cada cantinho de pedra, tendo-se, desse modo, uma chance maior de encontrar os dourados. E eles foram aparecendo, na linha do Lau, do Neudon e do Jacaré; só o Julio que não capturou nenhum, mas apenas a descida do rio com sua beleza e sua natureza já valia a pena, dizia o Julio.


As imagens espetaculares de seus saltos foram registradas não só na memória, mas também pelas lentes de nossas câmeras. Imagens que, vistas agora, nos fazem voltar no tempo e querer voltar para o Quebra-Anzol. Mas nem tudo são flores, tanto que em alguns trechos nos travessões tínhamos que quase carregar os barcos nas pedreiras. E, quanto mais descíamos o rio, mais extasiados ficávamos com as belas paisagens e com a fauna do local. O Quebra-Anzol estava como um pavão tentando conquistar uma fêmea, mostrando para nós espetacularmente toda sua exuberância.


Show de emoções

Como sempre em minhas pescarias, busco um peixe grande e principalmente em se tratando de dourados eles nunca me decepcionaram. Quando a grande barra de ouro emergiu das águas verdes do Quebra-Anzol num salto espetacular, saltou junto a emoção, o coração e a alma.



Para tornar ainda mais emocionante a “briga”, o Lau conseguiu registrar um dos saltos espetaculares. Pegar um grande dourado numa situação como esta, num lugar maravilhoso como o Quebra-Anzol, é pra guardar em lugar de destaque no coração e na alma. Dali em diante, tudo o que estava bom ficou melhor ainda, a adrenalina da captura daquele belo peixe durou alguns dias.


E, quando chegamos ao final da aventura, cansados mas com a alma lavada num grande banho de natureza, o sol estava se pondo e o gosto de quero mais saltava aos olhos de todos nós. Parece que o Quebra-Anzol queria nos mostrar toda sua exuberância intencionalmente como um pedido de ajuda, uma súplica para sobreviver, pois a ganância do bicho homem já está querendo destruir este pequeno pedaço de paraíso com a construção de mais uma hidrelétrica.


Lester Scalon

Nascido em Sacramento – Minas Gerais, sempre foi um grande apaixonado pela natureza, vivendo e convivendo com ela uma vida toda, tornando-se um fotógrafo especialista em imagens de vida selvagem. Hoje se destaca como um dos grandes expoentes da pesca esportiva e fotografia no país. Além de ser pescador esportivo profissional e fotógrafo, é também artista plástico, consultor técnico e Pro-staff da Sumax Fishing e revista Pesca & Cia, onde publica reportagens desde 1998.

Reportagem realizada em setembro de 2016 pela Revista Pesca e Companhia

ÚLTIMAS NOTÍCIAS!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

bottom of page