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Violência contra a mulher em Minas Gerais cresce em 2025 e expõe urgência de políticas mais eficazes

Estado registra 139 feminicídios e 156 tentativas até outubro; mobilizações nacionais contrastam com casos brutais que seguem ocorrendo diariamente.


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Violência sem trégua: MG registra aumento e confirma cenário crítico


Os números mais recentes divulgados pela Polícia Civil de Minas Gerais revelam um cenário alarmante: entre janeiro e outubro de 2025, o estado registrou 139 feminicídios consumados e 156 tentativas, evidenciando um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, foram mais de 130 mil casos de violência doméstica e familiar contra mulheres, consolidando Minas entre as unidades da federação com maior número absoluto de ocorrências.


Os dados, sistematizados no novo Observatório Estadual da Violência contra a Mulher — criado por lei sancionada em dezembro de 2025 — apontam que a violência de gênero permanece como um dos problemas mais graves e persistentes da segurança pública mineira. A plataforma amplia a transparência ao registrar não apenas agressões físicas, mas também violações psicológicas, morais, patrimoniais e políticas.


Crime em dia de mobilização nacional evidencia contradições


No último domingo, enquanto movimentos sociais e órgãos públicos participavam de atos pelos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, uma jovem de 23 anos foi esfaqueada pelo ex-companheiro em Campos Gerais. A vítima foi atacada dentro de casa pelo ex-companheiro, também de 23 anos, após recusar reatar o relacionamento. O caso, que ganhou repercussão nas redes sociais, reforçou a distância entre mobilização simbólica e a realidade enfrentada pelas vítimas no cotidiano.


Segundo especialistas, episódios como este escancaram a dinâmica do ciclo da violência: ameaças prévias, tentativas de separação, perseguições e escalada da agressão — muitas vezes sem que a vítima consiga apoio institucional no tempo adequado.


Subnotificação ainda esconde dimensão real do problema


Representantes da sociedade civil e da Assembleia Legislativa alertam para a subnotificação, especialmente entre mulheres em situação de vulnerabilidade econômica, residentes de áreas rurais e vítimas de violência psicológica contínua. Para organizações feministas, o número oficial é significativo, mas está longe de refletir a totalidade das situações de risco.


Apesar da criação do Observatório e do fortalecimento de delegacias especializadas, pesquisas e audiências públicas apontam falhas na rede de proteção: número insuficiente de abrigos, dificuldade de acesso a medidas protetivas, ausência de equipes multidisciplinares e lacunas no atendimento de mulheres trans e negras.


Estado reage, mas medidas ainda são insuficientes


A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública vem destacando investimentos na formação de equipes e na integração dos sistemas de dados. Entretanto, entidades e ativistas defendem ações mais contundentes: ampliação de casas-abrigo, atendimento psicológico contínuo, políticas de autonomia financeira e monitoramento eletrônico mais rigoroso de agressores reincidentes.


A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, em declarações recentes sobre o tema, reforçou a necessidade de uma mudança estrutural:


“Não podemos naturalizar essa situação. Estamos falando de um problema histórico que exige enfrentamento contínuo, educação e políticas públicas duradouras", disse Márcia.

Desafio para 2026: transformar dados em proteção efetiva


Com o avanço na transparência dos registros e as mobilizações sociais mais amplas, a expectativa é que Minas Gerais transforme informação qualificada em políticas consistentes. Mas especialistas reforçam que, enquanto casos como o do último domingo continuarem ocorrendo, será impossível dizer que o estado — e o país — estão vencendo a batalha contra a violência de gênero.


A urgência permanece evidente: as mulheres continuam morrendo, mesmo quando pedem ajuda.

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