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Clonazepam: o calmante mais vendido do Brasil causa dependência silenciosa entre idosos

De uso comum para ansiedade e insônia, o calmante Clonazepam — vendido sob nomes como Rivotril — tem se tornado um dos medicamentos mais consumidos pelos brasileiros. Entre idosos, o uso prolongado e sem acompanhamento médico vem provocando uma dependência silenciosa, com graves riscos à saúde física e mental.


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O clonazepam integra a classe dos benzodiazepínicos, que lidera as vendas de ansiolíticos no Brasil. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2020 o país utilizou cerca de 47,3 milhões de caixas apenas dos cinco ansiolíticos mais vendidos (incluindo clonazepam). Um levantamento estadual mostrou que, entre idosos de 60 ou mais anos em uma microárea no Rio de Janeiro, 12,5% faziam uso de benzodiazepínicos — e, desses, 66,7% utilizavam clonazepam. Em estudo nacional representativo (PNAUM 2013–14), a prevalência de uso de benzodiazepínicos entre idosos foi de 9,3%.


A escolha por clonazepam entre idosos não é apenas por indicação clínica. O neurologista Igor de Oliveira alerta que “quanto maiores forem o tempo de uso e as doses, maiores serão as chances de tolerância à medicação e dos sintomas da sua retirada”.


Segundo o psiquiatra e psicogeriatra Eduardo César Gonçalves o alto consumo do medicamento por idosos pode ser considerado grave.

“Os idosos apresentam um consumo preocupantemente alto desse tipo de medicação … Por questões próprias ao processo de envelhecimento, os idosos são mais vulneráveis aos seus efeitos colaterais, levando a um risco aumentado de quedas e alterações cognitivas secundárias ao uso dos benzodiazepínicos”, informou Eduardo.

Os riscos associados são múltiplos:

  • Dependência e tolerância ao medicamento.

  • Quedas, fraturas e sonolência excessiva, devido à sedação e piora da coordenação motora.

  • Comprometimento da cognição e possível associação com demência (especialmente em uso prolongado), alerta presente em revisões nacionais.

  • Uso concomitante de outros fármacos — a polifarmácia — que agrava o risco entre idosos. Por exemplo, em estudo com 400 idosos, 85,5% dos usuários de benzodiazepínicos faziam uso por mais de seis meses e 59,2% usavam fármacos de meia-vida longa.


Apesar disso, a revisão mostra que muitos pacientes idosos não são informados adequadamente sobre os riscos do uso prolongado. Em um estudo com 22 idosos em Bambuí (MG), nenhum usuário relatou ter sido alertado pelo profissional de saúde sobre os riscos de uso continuado.


A falta de reavaliação médica periódica e a prática frequente de médicos de diferentes especialidades prescreverem benzodiazepínicos para idosos tornam o problema mais grave — o vínculo parece estar com o medicamento, e não com o acompanhamento terapêutico.


O clonazepam continua sendo uma opção acessível e eficaz em alguns casos, porém o prolongamento de seu uso entre idosos, sem revisão e com pouca atenção às alternativas não farmacológicas, configura um risco significativo. A dependência silenciosa, as quedas e a piora cognitiva são alertas claros para que profissionais de saúde, cuidadores e os próprios idosos repensem essa prática.


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