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Enzo Banzo: musica poesias no álbum “Canção Escondida"



Enzo Banzo deve lançar, em 2019, “Comédia Romântica”, disco solo e totalmente autoral.



Música e poesia correm no sangue de Enzo Banzo, 40. O mineiro de Ibiá, que mora em Uberlândia há mais de 20 anos, nasceu em casa de mãe professora de português e se destacava nos concursos de poesia dos quais participava. “Meus poemas quase sempre ganhavam o primeiro lugar”, rememora orgulhoso. Também na infância, ouvia Caetano Veloso, Titãs, Cazuza… “A gente escuta uma música quando é criança e sabe que gosta dela desde sempre”, dimensiona.

Já na fase adulta e nos vocais da banda uberlandense Porcas Borboletas, Banzo – seu nome na certidão de nascimento é Ênio Bernardes – começou a encontrar sons nas entrelinhas das muitas poesias que lia e, desde 2001, passou a musicar escritos de Paulo Leminski e Arnaldo Antunes.

Em 2013, já tinha material suficiente para lançar um disco. E assim nasceu o “Canção Escondida”. “Acho que todo poema pode ter canções escondidas, até em casos radicais, como os poemas concretos”, pontua.

Ao todo, 11 faixas compõem o disco, com poemas musicados de Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes e Alice Ruiz. Poesias de pessoas próximas a Banzo, como Danislau (Porcas Borboletas), Cleusa Bernardes (mãe do artista), Marcelino Freire e Clara Averbuck também estão no álbum.

Com o trabalho, Banzo pretende desmistificar a ideia de que poesia é só “para intelectuais”. “Por uma questão cultural do país, a canção é uma arte muito mais difundida. É muito mais comum saber de cor uma canção a um poema. Mas existem textos que não são tão difíceis de se entender. A ideia é descentralizar a poesia”, conta.


Distintos

Em “Canção Escondida” é clara a distinção de estilos dos poetas musicados, como Drummond, poeta modernista, e Camões, renascentista. A ideia de Banzo é dar unidade a vozes de diferentes períodos. “É uma conversa entre eles que tem a mim como fator comum. São temas universais cantados por meio do meu jeito de ler. Eu e o Saulo Duarte (produtor) tentamos dar uma unidade ao disco para que ele não se parecesse uma coletânea”, diz.


Mestrado de ‘conversas de butiquim’

Na dissertação de mestrado defendida pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), “Poesia e canção na lírica do século XX: Oswald e Noel”, Banzo relaciona canções de Noel Rosa com a poesia de Oswald de Andrade. Ele defende que o sambista materializou a prática da poesia estimulada no Manifesto da Poesia Pau-Brasil do modernista. “Tem um capítulo chamado ‘Conversa de butiquim’ em que Noel Rosa e Oswald de Andrade conversam. Mesmo estando desvinculado ao movimento modernista, Noel revolucionou a linguagem daquela época, que tinha um padrão romântico ao fazer coloquialismos. Isso tem tudo a fazer com o meu trabalho”, pontua.


Por: Laura Maria, jornal O Tempo.

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