Células da pele viram embriões: salto histórico na reprodução humana desperta gigante ético
- ibiaemfoco
- há 2 horas
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Pela primeira vez, cientistas criam embriões humanos a partir do DNA da pele, abrindo a porta para o fim da infertilidade, mas exigindo um debate global imediato sobre os limites da biotecnologia.

PORTLAND, EUA – Um marco que reescreve o futuro da medicina reprodutiva foi alcançado por pesquisadores da Universidade de Ciências e Saúde de Oregon: a criação de embriões humanos viáveis utilizando material genético extraído de células da pele. Publicado na prestigiada revista Nature Communications, o feito é inédito na história e coloca a ciência em uma nova e vertiginosa fronteira.
A Revolução da "Mitomeiose"
O estudo, conduzido por cientistas norte-americanos, conseguiu gerar 82 óvulos funcionais que, após a fertilização, evoluíram até o 6º dia de desenvolvimento embrionário – um estágio crucial. O processo é um intrincado balé genético:
Remoção do DNA da Pele: O núcleo (contendo todo o DNA) de uma célula da pele é retirado.
Transplante Genético: Esse núcleo é inserido em um óvulo doador que teve seu próprio material genético removido.
A "Mitomeiose": Para se preparar para a fertilização, o óvulo reconfigurado precisa eliminar metade de seus cromossomos. Os cientistas chamam esse processo de "mitomeiose", uma engenhosa mistura de mecanismos de divisão celular.
Fertilização e Desenvolvimento: O óvulo geneticamente modificado é então fertilizado com um espermatozoide, iniciando o desenvolvimento embrionário.
Alguns dos embriões resultantes dividiram-se e formaram estruturas iniciais idênticas às de embriões naturais nos primeiros dias.

Esperança Contra a Infertilidade
A técnica experimental acende uma luz de esperança para milhões de pessoas. Ela tem o potencial de contornar formas de infertilidade causadas por doenças ou pela idade, ampliando as chances de reprodução de indivíduos hoje considerados "inférteis".
No entanto, o caminho está longe de ser pavimentado. A instabilidade do processo é um desafio central: cerca de 9% dos óvulos formam combinações genéticas incorretas, inviabilizando o desenvolvimento. Isso levanta questões críticas:
Risco Genético: Como garantir que o descarte de cromossomos na "mitomeiose" não resulte em erros que causem doenças hereditárias ou a inviabilidade do embrião?
Segurança a Longo Prazo: É eticamente responsável avançar sem estudos de longo prazo que garantam o desenvolvimento físico e mental saudável dos indivíduos gerados por essa técnica?
A equipe científica é cautelosa e realista. Estima-se que, devido à necessidade de transparência, regulação rigorosa e superação dos desafios técnicos e éticos, uma aplicação clínica segura e prática do procedimento só será possível daqui a aproximadamente uma década.
A biotecnologia reprodutiva acaba de dar um salto gigante, e o debate global sobre seus limites deve acompanhar a mesma velocidade. A fronteira entre o laboratório e o nascimento nunca esteve tão nebulosa.