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O diamante da névoa: a pedra misteriosa que desafia autoridades e atiça cobiças em Minas Gerais

Entre garimpos proibidos, vídeos suspeitos em redes sociais e negociações bilionárias com belgas, a gema de 647 quilates repousa num cofre da PF, enquanto investigações tentam desvendar seu verdadeiro local de origem e os segredos que ela carrega.


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Num caso que mais parece um romance policial entrelaçado com uma trama de suspense, o segundo maior diamante do Brasil tornou-se o protagonista de uma novela repleta de sombras e interrogações. A pedra, um colosso de 646,78 quilates, não brilha nas mãos de seu suposto descobridor, mas jaz apreendida nos cofres da Polícia Federal (PF), no centro de um labirinto de versões conflitantes e suspeitas de crimes.


A trama teve seu prólogo em maio, quando a Diadel Mineração anunciou, com estardalhaço, a descoberta de uma gema rara nas águas do Rio Douradinho, em Coromandel. O anúncio ecoou a lenda do maior diamante brasileiro, o Getúlio Vargas, encontrado na mesma região em 1938. Mas, diferentemente de seu predecessor lendário, a celebração por esta nova joia foi curta e rapidamente ofuscada por um manto de desconfiança.


Sussurros nos corredores do poder e no submundo da mineração insinuaram que a pedra não era filha legítima de Coromandel. A PF, movida por esses indícios, abriu um inquérito para investigar se a verdadeira origem da gema estaria nas águas turvas e garimpos irregulares da bacia do Rio Araguari, no Triângulo Mineiro, território explorado pela Carbono Mineração. A suspeita mais insidiosa é a de um desvio, um estratagema para "esquentar" o diamante, registrando-o em uma localização legítima para lhe conferir uma aura de legalidade.


A Diadel Mineração ergueu um muro de defesa, afirmando que a extração foi testemunhada por representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM), um testemunho que, em tese, sepultaria qualquer dúvida. A empresa nega com veemência acusações de furto ou de qualquer maquinação. No entanto, o enredo ganhou contornos de cinema quando, das profundezas da internet, emergiram vídeos de um personagem peculiar: o comerciante Oswaldo Borges da Costa Netto, conhecido como Wado Borges.


Nas imagens, que circularam como fogo em palha seca, Wado exibe o diamante com a intimidade de quem o possui. Ele aparece dentro de um avião, em garimpos e até mesmo pesando a pedra preciosa em uma balança. A exposição pública, fora dos circuitos formais de leilão, levantou mais uma cortina de mistério: quem de fato controlava o destino da joia?



As investigações se intensificaram, e os agentes federais, munidos de mandados, adentraram imóveis em Coromandel e Nova Ponte. Nesta última cidade, as buscas se concentraram em endereços ligados a garimpeiros que atuam na suspeita região do Rio Araguari, costurando ainda mais a teia de possibilidades.


Outro véu de mistério paira sobre o valor real da pedra. Estimativas iniciais giravam em torno de R$ 16 a 18 milhões, mas especialistas sussurram que, no mercado internacional, seu brilho poderia valer mais de R$ 50 milhões. Rumores dão conta de que emissários de compradores de Antuérpia, o epicentro mundial dos diamantes, estiveram no Brasil, tentando desvendar o caso e, quem sabe, fechar um acordo.


O clímax da trama ocorreu em 27 de agosto. No exato dia em que a pedra receberia o lacre do Certificado do Processo Kimberley – seu passaporte para o mundo –, a PF a apreendeu. Agora, o diamante repousa em custódia, um tesouro silencioso no centro de uma tempestade.


Enquanto a PF e a ANM buscam desvendar a verdadeira genealogia da gema, o caso permanece aberto, uma narrativa incompleta onde mineração legal e ilegal se confundem, negócios milionários são tramados nas sombras e o brilho de uma pedra preciosa ofusca mais do que revela. O mistério do diamante mineiro continua, aguardando a próxima reviravolta que finalmente separará a lenda do fato.


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