Ibiaense Ana Maria Gonçalves toma posse na Academia Brasileira de Letras e faz história como a primeira mulher negra da instituição
- ibiaemfoco
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A posse da escritora, autora de "Um Defeito de Cor", na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras nesta sexta-feira (7), marca um novo capítulo de representatividade e emoção nos 128 anos da instituição, reunindo família, amigos e um toque de africanidade.

Rio de Janeiro/RJ – A noite desta sexta-feira, 7 de novembro de 2025, entrará para a história de Ibiá e para os anais da literatura brasileira com a posse da escritora ibiaense Ana Maria Gonçalves na Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia, que acontece às 20h no Petit Trianon, na sede da ABL, será um momento de profunda emoção e de inquestionável relevância histórica: Ana Maria Gonçalves será a primeira mulher negra a ter um assento na venerável instituição.
Eleita para a cadeira 33, sucedendo o falecido Evanildo Bechara, a autora de "Um Defeito de Cor" conquistou 30 dos 31 votos possíveis, um feito que a coloca como a 13ª mulher a ser eleita e a mais nova acadêmica atualmente, com 54 anos – completará 55 apenas seis dias depois da posse.
"Eu não achava que era um lugar para a gente," relembra Ana Maria sobre a surpresa de ser eleita.
A posse, no entanto, prova que a ABL se abre, finalmente, para uma nova e poderosa representatividade.
“Todo esse ritual [de posse] trabalha muito para colocar a literatura num pedestal que parece ser inalcançável para muita gente. Então eu vou trabalhar por uma popularização da ABL, para ser uma casa do povo, uma casa da língua que está sendo construída nas ruas e levar outros tipos de linguagem,” disse a escritora em entrevista ao site Alma Preta.
💖 Emoção em Família e Simbolismo
A alegria da escritora de Ibiá será completa. Talvez por ser a Acadêmica mais jovem a tomar posse, ela terá a rara felicidade de ter pai e mãe assistindo sua entrada na Casa dos Imortais.
A cerimônia será carregada de simbolismo. Ana Maria Gonçalves será recebida pela Acadêmica Lilia Schwarcz, e receberá o colar das mãos de Ana Maria Machado e o diploma do imortal Gilberto Gil. A comissão de entrada será inteiramente feminina, formada por Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão.
🎊 Festa e Africanidade
A nova Acadêmica prepara novidades para a festa. Após a solenidade, os convidados desfrutarão de um jantar sentado para 300 pessoas no pátio externo, com um cardápio africano, celebrando as raízes e o tema central de sua obra-prima.
A emoção se estenderá para além dos muros da ABL. Amigos da escritora farão uma surpresa com um grupo musical que percorrerá o centro do Rio cantando antes de chegar à Academia.
Para quem não estará na ABL, a Casa Savana, casa de festas no centro do Rio, receberá amigos da escritora para uma transmissão ao vivo em telão. Após o jantar oficial, Ana Maria Gonçalves se juntará a eles para uma grande confraternização.
✨ Portela e Ana Maria Gonçalves: Uma Parceria Vibrante na Posse da ABL!

A escritora Ana Maria Gonçalves vai usar um traje de gala na cerimônia de posse, com a assinatura inconfundível do barracão da Portela. A criação, uma verdadeira obra de arte, foi concebida especialmente para ela por um talentoso grupo de profissionais da majestosa escola de Oswaldo Cruz e Madureira, sob a batuta do carnavalesco André Rodrigues.
Essa parceria triunfal nasceu em 2024, quando a Águia altaneira de Oswaldo Cruz e Madureira sacudiu a Sapucaí com um enredo espetacular, inspirado na monumental obra de Ana Maria, "Um Defeito de Cor", ganhador do Prêmio Casa de Las Americas (Cuba, 2007) e eleito um dos livros essenciais para entender o Brasil. O desfile não só arrebatou corações e conquistou prêmios de peso, incluindo o Estandarte de Ouro de melhor escola, um feito que não se via há três décadas, mas também gerou uma onda de entusiasmo que impulsionou vertiginosamente as vendas do livro!
Repercussão e homenagens
A posse de Ana Maria Gonçalves repercutiu amplamente nas redes sociais e entre artistas brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou a escritora e afirmou que Um Defeito de Cor é um livro “necessário para entender o Brasil”.
O cantor e acadêmico Gilberto Gil exaltou o momento histórico:
“A chegada de Ana Maria é um sopro de renovação. Ela traz o peso da história e a leveza da arte popular”, declarou.
Escritoras e intelectuais como Cidinha da Silva e Conceição Evaristo também celebraram a conquista, ressaltando que o feito de Ana Maria representa não apenas uma vitória individual, mas o reconhecimento do papel da mulher negra na formação cultural e literária do país.
📚 "Um Defeito de Cor": O Legado
Ana Maria Gonçalves deixou uma carreira de 15 anos na publicidade para se dedicar à escrita. Seu livro, "Um Defeito de Cor" (2006), de 952 páginas, levou cinco anos para ser concluído e narra a trajetória de Kehinde, uma mulher negra africana, escravizada na Bahia, que atravessa o oceano em busca de seu filho. O romance mistura ficção e história para abordar temas como escravidão, racismo e resistência — e é hoje considerado uma das maiores obras da literatura brasileira contemporânea.
🎨 Uma Artista Multifacetada
Além de romancista, Ana Maria Gonçalves é uma profissional versátil: atua como roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa.
Apesar de ter começado a escrever contos e poemas na adolescência sem publicá-los, sua paixão inata pela leitura, cultivada desde a infância ao 'devorar' jornais, revistas e livros, pavimentou o caminho para a consagração de sua voz!
🌍 Escrita Sem Fronteiras e Ativismo Acadêmico
Como sócia-fundadora da Terreiro Produções, Ana Maria Gonçalves demonstra seu compromisso com a produção cultural.
Seu talento ultrapassou as fronteiras: teve contos publicados em Portugal, Itália e Estados Unidos, onde residiu por oito anos, dedicando-se a ministrar cursos e palestras sobre questões raciais.
Sua experiência internacional inclui atuações como escritora residente em renomadas instituições como as Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California), e Middlebury (Vermont).
Sua posse na ABL não é apenas uma conquista pessoal, mas a consagração de uma voz que amplifica a história e a cultura negra no coração da literatura nacional.











































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