Cativeiro do esquecimento: O drama de idosos resgatados de clínica clandestina em MG
- ibiaemfoco
- 18 de ago.
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De uma vida de "arroz e mingau", a esperança renasce para dez vítimas de maus-tratos em uma chácara em Araguari

No silêncio de uma chácara à beira da BR-365, em Araguari, Minas Gerais, um pesadelo se desenrolava longe dos olhares da sociedade. Dez idosos, com idades entre 57 e 91 anos, viviam em um verdadeiro cativeiro, submetidos a condições desumanas em uma "clínica" que era, na verdade, uma prisão de maus-tratos e abandono.
O horror veio à tona após uma série de mortes suspeitas. A sequência de quatro falecimentos e o desaparecimento de um quinto idoso em um curto período levantaram um alerta. Foi a partir dessa trágica constatação que a Vigilância Sanitária de Uberlândia iniciou uma investigação, que posteriormente foi repassada para as autoridades de Araguari.
No último dia 13, a casa do horror foi invadida por uma força-tarefa composta pela Secretaria de Saúde, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O que encontraram ali chocou até os profissionais mais experientes. Em vez de um lar de repouso, o imóvel era um cenário de negligência e precariedade.
"Eles viviam basicamente a arroz, batata, batata-doce e mingau de maizena", relatou Thereza Christina Griep, secretária de Saúde de Araguari, ao g1. Além da alimentação escassa, o local não possuía condições mínimas de higiene ou acessibilidade. Remédios estavam espalhados pela casa, e a estrutura precária não oferecia a segurança necessária aos moradores debilitados.

A fragilidade dos idosos era evidente: debilitados, desidratados e desnutridos. A esperança, no entanto, veio com a chegada do socorro. Dos dez resgatados, quatro foram reunidos com suas famílias, um reencontro que simboliza o fim do tormento.
Os outros seis foram levados para o Hospital Padre Júlio Cezar Siqueira, onde recebem os cuidados que lhes foram negados por tanto tempo. Embora o estado de saúde seja estável, o caminho até a recuperação completa é incerto.
O responsável pela clínica, que funcionava de forma clandestina e sem autorização, negou as acusações de maus-tratos, afirmando que oferecia cinco refeições diárias e cuidava corretamente da medicação e consultas dos idosos. No entanto, sua versão contrasta com a chocante realidade encontrada pela força-tarefa.
Apesar da libertação, ninguém foi preso. O drama, no entanto, não termina com o resgate. Aos poucos, a vida desses idosos será reconstruída, oferecendo a eles a dignidade e o cuidado que lhes foram brutalmente roubados. Após a alta hospitalar, os sobreviventes serão transferidos para uma instituição de longa permanência em Uberlândia, onde, finalmente, poderão começar a escrever um novo capítulo, livre do pesadelo que um dia os aprisionou.
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