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De Ibiá à ABL: O Laço de Afeto Preservado com a Escritora que Quebrou 128 Anos de História

A carta da infância de Ana Maria Gonçalves, guardada por "Tia Beth”, sua primeira professora, simboliza a pureza e a genialidade da nova imortal da Academia Brasileira de Letras.


Imagem: Dani Paiva/ABL.
Imagem: Dani Paiva/ABL.

Em uma gaveta, protegida pelo tempo e pelo afeto, repousa um pedaço da história de uma das maiores escritoras do país. A folha, já amarelada, é mais do que uma relíquia: é a prova viva de uma conexão que floresceu na sala de aula. É a carta escrita em 1976 por uma menina de 6 anos, Ana Maria Gonçalves, para sua primeira professora, Elizabeth Fernandes — a carinhosa “Tia Beth” de Ibiá.


A professora aposentada, em uma reportagem emocionante da TV Globo, não consegue segurar as lágrimas ao reler as palavras daquela criança que, quase cinco décadas depois, faria história no Brasil.

“Tia Beth, eu sinto o seu amor no meu coração. Tia Beth, eu não estou mentindo, não. Se você está bem pode contar comigo. Tia Beth querida bonita amor eu te respeito, eu te amo, eu te adoro. Um abraço, um beijo, Tia Beth. Eu te amo para sempre, Tia Beth. Eu não vou aguentar ficar longe de você.”

Este é o tesouro que Elizabeth Fernandes guarda com zelo há quase 50 anos, uma lembrança pura da aluna que se tornaria a autora de “Um defeito de cor”, o épico que redefiniu a literatura nacional e inspirou o Carnaval da Portela em 2024.


O Encanto da Criança e a Imortal


Imagem: Arquivo pessoal.
Imagem: Arquivo pessoal.


A emoção de Tia Beth, ao segurar a cartinha da qual emana tanto carinho, é o reflexo da admiração que ela sentia pela pequena Ana Maria.


“Ana Maria era uma criança muito ativa, muito inteligente e muito dócil. Ela não só era amiga da tia Beth, mas de todos da sala. Era um encanto de criança, muito apegada a todos, estudiosa, com os cadernos impecáveis. A letra era linda demais”, relembrou a professora, unindo a doçura da infância de sua aluna ao brilho da escritora que ela se tornou.

O ápice dessa jornada veio na noite de sexta-feira, 7 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ). Ana Maria Gonçalves, nascida em Ibiá em 1970, tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o linguista Evanildo Bechara.


Este momento não é apenas uma conquista pessoal; é um marco histórico. Aos 54 anos e a mais jovem entre os atuais imortais, Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra em 128 anos de história a ocupar uma cadeira na ABL. Recebida pela acadêmica Lilia Schwarcz, ela recebeu o colar das mãos de Ana Maria Machado e o diploma entregue pela lenda Gilberto Gil. A Ibiaense, que começou sua vida profissional na publicidade, hoje é a voz que ecoa a história e a sensibilidade do Brasil.


Seu livro premiado, “Um defeito de cor” (2006), é considerado uma das obras mais importantes do século, narrando a saga de Kehinde, inspirada em Luiza Mahin. Uma obra que começou com a sensibilidade de uma criança, cuja caligrafia impecável e afeto profundo são atestados por uma carta guardada com amor incondicional por sua primeira mestra.


🌟 Uma Homenagem de Ibiá em Foco


Para Ana Maria Gonçalves, nossa imortal:


Que a sua voz, agora eternizada na Casa de Machado de Assis, continue a ser o farol que ilumina as histórias silenciadas e a inspiração para milhões de brasileiros. A sensibilidade que comoveu sua primeira professora ainda na infância é a mesma que hoje move o Brasil. O seu sucesso não é apenas um degrau, é um portal de possibilidades. Parabéns, Ibiá se orgulha de você!

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